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Antimanicomial

Artigo | Por uma sociedade sem manicômios

Continuaremos levantando a bandeira de uma sociedade que convive com as diferenças

15.fev.2019 às 08h00
Recife (PE)
Catarina Albertim
Cena do filme Bicho de Sete Cabeças, com Rodrigo Santoro

Cena do filme Bicho de Sete Cabeças, com Rodrigo Santoro - Reprodução

A partir da década de 1970, no Brasil, o embrionário movimento de Luta Antimanicomial, alinhado ao movimento pela Redemocratização no país, começa a questionar o tratamento ofertado às pessoas com Transtorno Mental vigente à época, denunciando os maus tratos a que eram submetidas essas pessoas: hospitais superlotados, profissionais com condutas agressivas, excesso de medicação, falta de comida e higiene adequada, violação dos direitos humanos. Os hospitais psiquiátricos eram considerados depósitos de seres humanos indesejados. Os loucos, os bêbados, aqueles com condutas divergentes da maioria, as mulheres e homens que exerciam sua liberdade sexual, os que questionavam o sistema político. Não é à toa que durante a ditadura militar chegamos a 104.000 leitos psiquiátricos no país, para atender à demanda de silenciamento e exclusão dessas pessoas.
Após anos de lutas, em 2001, com a Lei Federal 10.216 o estado brasileiro vem fomentando políticas para extinguir os hospitais psiquiátricos e com eles a lógica manicomial. Avançamos muito, fechamos cerca de 80.000 leitos em 30 anos. Dos anos 2000 até hoje, abrimos diversos Centros de Atenção Psicossocial, e outros tantos serviços como Residências Terapêuticas, Unidades de Acolhimento, Leitos Integrais em Saúde Mental desenhando aquilo que em 2011 amos a chamar de Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). A era perversa dos hospitais psiquiátricos no Brasil parecia ter tido um fim, embora, no campo da Política de Álcool e outras Drogas, as Comunidades Terapêuticas, instituições em sua maioria de caráter religioso e comprovadamente locais de maus tratos físicos, morais e psicológicos, viessem ganhando força.
Após o golpe de 2016, representantes dos setores mais conservadores da sociedade ganharam força no cenário político e na Coordenação Nacional de Saúde Mental não seria diferente. Desde então, nossa Política, mundialmente reconhecida no campo da Saúde Mental, Álcool e outras Drogas ou a ser questionada, desvalorizada, subfinanciada, subvertida. Com a eleição de Bolsonaro para a presidência da República, esses setores mais conservadores ganharam legitimidade para mostrar sua face mais nefasta. No dia 04/02/19 recebemos, sem surpresa, mas com grande pesar a notícia da publicação da Nota Técnica 11/2019 do MS – Esclarecimentos sobre a Política Nacional de Saúde Mental. Já na introdução do documento, a coordenação geral de saúde mental, álcool e outras drogas deixa claro a reviravolta que pretende promover na RAPS, reinserindo Hospital Psiquiátrico como um ponto de atenção da Rede. A nota esclarece que os serviços não tem mais o caráter “substitutivo”, já que não se encoraja mais o fechamento destas instituições, ao contrário, estimula a ampliação de leitos em hospital psiquiátrico e comunidade terapêutica e aumenta o valor do financiamento. A ampliação de ambulatórios de Psiquiatria e Psicologia é outro ponto preocupante, ao invés da valorização de dispositivos diversos, dentro dos territórios, com equipes multidisciplinares que deem conta da integralidade e singularidade dos sujeitos através de uma clínica ampliada, temos uma lógica corporativista e biomédica num olhar unicamente “psi”, compartimentalizando o cuidado em saúde. A proposta da internação de crianças e adolescentes nos remete imediatamente aos pavilhões infantis retratados no livro Holocausto Brasileiro da autora Daniela Arbex, o afastamento da escola, da vida social, da família, da comunidade são prejudiciais ao desenvolvimento das crianças e adolescentes. Além de diversas outras atrocidades que não cabem nestas linhas, destacamos o incentivo à compra de maquinas de Eletroconvulsoterapia (ECT), popularmente conhecido como eletrochoque. Historicamente o ECT foi bastante utilizado nos hospitais como um método para punir, torturar e silenciar os pacientes tidos como mais difíceis, era um método usado em larga escala, muitas vezes sem indicação nem mesmo acompanhamento médico. Hoje ainda é uma prática utilizada, com restrições, com uso de anestesia geral inclusive, mas ainda assim é um procedimento violento, e por isso, alvo de duras críticas por parte dos defensores da Reforma Psiquiátrica. É muito emblemático que este governo que valoriza a utilização de armas de fogo, que criminaliza a todo momento os movimentos sociais, que tem proximidade com as milícias cariocas e glorifica torturadores incentive o uso de choques como tratamento.
A Reforma Psiquiátrica que o Brasil vinha construindo vai contra interesses econômicos de grupos poderosos da medicina elitista, da indústria farmacêutica, do poder inquestionável da Psiquiatria, do fanatismo religioso representado pela Bancada da Bíblia. A defesa contra esse modelo da velha psiquiatria, conservador e violento é intransigente, ele não cabe mais nesse mundo. Nós, militantes da Luta Antimanicomial, permaneceremos atentos e atentas e continuaremos levantando a bandeira de uma sociedade que convive com as diferenças, onde o cuidado em saúde mental deve ser necessariamente público, laico, territorial, antimanicomial, democrático e poético. Pro manicômio ninguém volta!

* Catarina é terapeuta ocupacional e militante do Núcleo Estadual de Luta Antimanicomial (PE)

Editado por: Marcos Barbosa
Tags: antimanicomialbolsonaroditadura militarpernambuco
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