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Educação

Artigo: Por que ocupar a universidade?

Assim, a vida urgente que se expressa fora dos muros universitários atingiu como um raio aqueles que ainda podem ver

01.fev.2020 às 18h37
Brasil de Fato
Elaine Tavares
Ocupação da reitoria da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc)

Ocupação da reitoria da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) - Ocupação da reitoria da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc)

A mídia comercial não diz, mas são mais de 180 universidades ocupadas no Brasil. Isso, por si só, já é uma notícia estarrecedora. Ainda assim, nem o Fantástico, nem os programas da Record ou da Band discutem o tema. Nenhuma novidade. A mídia corporativa é braço ideológico armado do sistema. E ao sistema interessa que a opinião pública não seja informada das coisas que acontecem e que podem fazer estremecer o mundo tão organizado para a domesticação.

Mas, como sempre, todos esses meios haverão de ser engolidos pela realidade. Pois, ainda que a mídia não mostre, a vida está acontecendo e as pessoas veem.

Pois as universidades estão ocupadas e não é por professores ou técnicos em greve. Não. São os estudantes. Empurrados pelas demandas e lutas dos secundaristas, que decidiram ocupar escolas para salvá-las, os universitários perceberam que era também chegada a sua hora. Então, começaram a ocupar também. Não para salvar, mas para transformar. Afinal, como bem diz Álvaro Vieira Pinto, é preciso fazer com que a universidade deixe de ser “um centro distribuidor de alienação cultural para convertê-la no mais eficaz instrumento de criação da nova consciência estudantil, direta e exclusivamente interessada em modificar a estrutura social antiga e injusta, substituindo-a por outra humana e livre”.

Quando Álvaro escreveu seu texto seminal “A questão da universidade”, essa era mesmo a casa da elite brasileira, espaço praticamente vetado para a classe trabalhadora. E era, sem questionamentos internos, o instrumento mais eficaz da classe dominante para assegurar o comando ideológico. As ideias produzidas na universidade ali estavam para justificar o poderio do pequeno grupo que sempre mandou no país. De costas para a realidade brasileira, os jovens aprendiam profissões e de lá saiam incapazes de dar respostas às demandas concretas de um país dependente e subdesenvolvido. Europeizados, elitizados, alienados.

O tempo ou, veio a ditadura, a democratização e a universidade seguiu igual. Usina ideológica do sistema dominante. E tanto que os poucos jovens da classe trabalhadora que conseguiam entrar, através do injusto e excludente vestibular, no mais das vezes vão se “convertendo” e incorporando o mesmo modo de ser dos seus algozes, essa classe “ociosa e aproveitadora, cujo intuito é reprimir a ascensão das massas”.

Com a vitória de um governo mais próximo dos trabalhadores em 2003, a esperança da construção de universidade popular, visceralmente ligada aos interesses da maioria, renasceu. E vieram mudanças. Incompletas, inconclusas, insuficientes, mas vieram. Houve a vitória das cotas, para negros, índios e alunos de escola pública, novas formas de ingresso na universidade, novas universidades. O número de pessoas da classe trabalhadora que conseguiu entrar para uma instituição de ensino superior cresceu bastante. Em 2004, os mais ricos representavam 55% nas universidades públicas e 68% nas privadas. Em 2013, os mais ricos eram apenas 38% nas públicas e 43% nas públicas. Os negros saltaram de 16% em 2004, para 45% em 2013.

São dados importantes, mas não redundaram em mudanças no perfil da universidade. Os currículos seguiram os mesmos, a lógica seguiu a mesma, e o perfil colonizado, de costas para a realidade, não sofreu alteração. A ideologia burguesa seguiu dominando, tanto no professorado quanto nos técnicos. Aos empobrecidos, coube gastar seu tempo lutando para permanecer, o que tirou bastante a capacidade de apontar mudanças. Muitos foram sendo cooptados e a universidade seguiu tão reacionária e conservadora como sempre.

Agora, a vida lá fora está ululando. Veio um golpe, “brando e de outro cariz”, mas, não se enganem. Golpe. Golpe contra a classe trabalhadora. E as primeiras ações de caráter reformista/neoliberal, libertaram as forças da reação. E elas vieram de onde menos se esperava. Daqueles que sempre foram acusados de não “quererem nada com o peixe”, os estudantes secundaristas das escolas públicas, meninos e meninas da periferia. Quando todos os estudos se voltavam para a violência nas escolas, a impossibilidade de ensinar, a falta de disciplina dos alunos, eles se levantam, como uma vaga tsunâmica, com um único discurso: queremos estudar e nas nossas escolas. Mais uma prova de que a universidade estava de costas para a realidade. Como os “pesquisadores” não se deram conta da vontade de educação dessa gurizada? Como não viram seus olhos cheios de desejo de aprender? Como não compreenderam que a “violência” era um grito de protesto contra uma pedagogia rota e atrasada?

Os secundaristas, sabendo que nada tinham a perder, ousaram a luta mais dura, contra o estado e contra todos os “papers” financiados pela Capes. Ocuparam as escolas, viraram a mesa, apontaram novos caminhos, enfrentaram a polícia. Mostraram na luta renhida que querem fazer parte da mesa principal do banquete educativo. Nada de educação bancária, de segunda categoria, para formar mão-de-obra. Querem educação amorosa, comprometida com a realidade.

E foi essa lição ensinada pelos meninos e meninas das escolas públicas que chegou à universidade. De alguma maneira tocou algum espaço secreto no cérebro dos universitários formatados pela ideologia da classe dominante. E havia só um caminho. Parar tudo, repensar as práticas, discutir o ensino universitário que forma os professores dessa gurizada. Professores cegos. Assim, a vida urgente que se expressa fora dos muros universitários atingiu como um raio aqueles que ainda podem ver. Os que ainda se importam. Então, a disputa por outro modo de ser no mundo contaminou a universidade. Bem dizia Álvaro Vieira Pinto: estudante não é só pra estudar. Estudantes têm de estar afinados com a arena política, com as causas nacionais. A educação só tem sentido se for para mudar as coisas. Estudar também é um ato social. A realidade brasileira está a exigir dos de todas as pessoas o engajamento na luta pela mudança. E os estudantes saem na frente.

As ocupações nas universidades são esse movimento de transformação, de despertar. A esperança é que ultraem as demandas particularistas e consigam perceber o cerne do problema: a universidade precisa mudar na essência. Ele tem de ter uma finalidade política que é a de superar o colonialismo mental, compreender o processo de dependência, e construir caminhos de transformação.

Ou isso, ou nada.

Os estudantes já mudaram a temperatura do mundo em 1918, na reforma de Córdoba, em 1968, na França, no México e na América Latina. Agora, o Brasil, esse gigante sempre dormido, assinala que a vida pulsa e que a história não acabou.

Avante, estudantes secundaristas e universitários. Quem sabe essa força bonita contamine os trabalhadores.

(*) Elaine Tavares é jornalista, do coletivo editorial da Revista Brasileira de Estudos Latino-Americanos (REBELA) e membro do Instituto de Estudos Latino Americanos (IELA).

Editado por: Redação
Tags: estudantesocupação
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