O avião da Presidência da República com brasileiros repatriados da Cisjordância pousou as 8h35 na base de Brasília nesta quinta-feira (2). Ao todo, 26 brasileiros desembarcaram na capital federal e outros seis ageiros haviam desembarcado em Recife (PE), onde a aeronave pousou antes de ir para Brasília. A missão faz parte da Operação Voltando em Paz, organizada pelo governo brasileiro e que repatriou 32 brasileiros que estavam na Cisjordânia.
O resgate foi organizado pela representação brasileira em Ramala, cidade na Cisjordânia onde fica a sede da Autoridade Palestina. Estão sendo retiradas pessoas que manifestaram interesse na repatriação por meio de ônibus e vans alugados, identificados com a bandeira do Brasil. Os transportes conduziram os ageiros de 11 cidades da Cisjordânia até a cidade de Jericó e de lá o grupo seguiu para Amã, capital da Jordânia, de onde decolaram nesta quarta-feira (1) às 16h50, no horário local, com destino ao Brasil.
Dois cadeirantes, seis idosos e 11 crianças estavam entre os ageiros. A maioria dos repatriados que pousaram em Brasília segue para outros destinos. O destino final das famílias repatriadas será Foz do Iguaçu (oito pessoas), São Paulo (cinco), Florianópolis (quatro), Rio de Janeiro (três), Curitiba (dois), Goiânia (dois) e Porto Alegre (um). Ficaram em Recife três pessoas e outras três seguiram para Fortaleza.
Relatos e medo
Nazmieh Mohamed, 72 anos, única ageira que permanece no Distrito Federal, relatou muito medo e assegurou: "tem muito brasileiro na Faixa de Gaza e ninguém está seguro lá". Ela confidenciou se sentir como um pássaro que sai da gaiola, "eu estou livre agora. Muito obrigado Brasil, muito obrigado FAB, muito obrigado presidente Lula", concluiu.
O produtor rural de Estrela (RS), Maged Gharib, 62 anos, também agradeceu aos envolvidos nessa repatriação. "Na cidade de Turmus Ayya sofremos as consequências, indiretamente, com represálias, bloqueios, emboscadas e invasões aos assentamentos. E fomos orientados pela embaixada brasileira a não nos movimentarmos dentro da cidade, com risco de sermos atacados", narrou.
De acordo com a CNN Brasil, Amer Aziz, um dos repatriados, relatou a repórteres o clima tenso na região. Questionado sobre um possível retorno à Palestina no futuro, ele declarou: “Se [a situação] acalmar, depois a gente volta. Se não acalmar, vamos ficar aqui”.
Com a operação desta quinta, chega a 1.445 o número de pessoas que estavam na região e foram repatriadas. Ao todo, fora organizados oito voos vindos de Israel e um da Jordânia nos aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) que são utilizados pelo presidente da República e outras autoridades.
Além dos voos de repatriação, as duas aeronaves da Presidência da República já levaram à região de conflito alimentos, insumos médicos e purificadores de água. Nesta quinta-feira (2), 1,5 tonelada de alimentos destinados à população da Faixa de Gaza, oferecidos pelo pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), estão sendo desembarcados no Aeroporto Internacional de Al-Arish, Egito. O carregamento é composto por arroz, açúcar, derivados de milho e leite.
