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DESCASO

Comunidades negras do Vale do Jequitinhonha (MG) enfrentam luta diária por água potável

Apenas 32% das residências rurais negras do Brasil contam com abastecimento seguro de água

11.mar.2025 às 15h46
Belo Horizonte (MG)
João Victor Plá
Comunidades negras do Vale do Jequitinhonha (MG) enfrentam luta diária por água potável

Foto: Lori Figueiró - “Enquanto a mineração e a monocultura avançam sem consulta prévia, desestruturando modos de vida ancestrais, as comunidades tradicionais enfrentam uma luta constante pela água, pela terra e pela própria sobrevivência"

A cartilha A água é a terra: onde tudo que se planta nasce foi lançada pelo Centro de Justiça Climática, em parceria com o Observatório do Jequitinhonha e com a rede Climax Now, no último mês. O estudo apresenta dados alarmantes sobre as dificuldades enfrentadas por comunidades negras rurais do Vale do Jequitinhonha, região de Minas Gerais, para ar água potável e segura.

O levantamento também aborda sobre as baixas produções agrícolas das comunidades, constantemente afetadas pelos longos períodos de secas e pelas altas temperaturas.

A pesquisa aponta que apenas 32% das residências rurais negras do Brasil contam com abastecimento seguro de água e que, portanto, a maioria das comunidades dependem de poços e nascentes, que, muitas vezes, estão contaminados. 

Além disso, somente 25% das moradias possuem tratamento adequado de esgoto e saneamento básico. 

Em entrevista ao Brasil de Fato MG, o Observatório de Clima e Cultura do Vale do Jequitinhonha destacou que a crise climática é um dos agravantes para a consolidação desses dados. 

“A crise climática agrava a vulnerabilidade das comunidades rurais, negras, indígenas, quilombolas e tradicionais do Vale do Jequitinhonha, que historicamente são afetadas por estiagens prolongadas. Dessa forma, intensifica as secas e aumenta a temperatura cada vez mais, acelerando a indisponibilidade hídrica e a degradação ambiental”, afirmou a entidade. 

No entanto, a crise climática não é o único fator que explica o cenário enfrentado pelas populações. A expansão da monocultura de eucalipto e a mineração de lítio na região, que consomem grandes volumes de água, colaboram para a escassez hídrica nas comunidades. 

“Além da negligência estrutural que impede o o equitativo à água, há uma exploração predatória dos territórios tradicionais, com a mineração e a monocultura ocupando áreas antes essenciais para a subsistência das comunidades. O uso excessivo e a contaminação da água por esses setores agravam ainda mais a escassez hídrica, tornando a vida nessas regiões cada vez mais difícil”, diz o observatório.

Como sobrevivem as comunidades?

Diante dos impactos, as comunidades quilombolas e indígenas do Vale do Jequitinhonha adotam estratégias de saberes ancestrais para resistir. Muitas utilizam, por exemplo, métodos tradicionais para o armazenamento da água, como potes de barros e cabaças, que mantêm o líquido fresco por mais tempo. 

Na comunidade de Piauí Poço Dantas, área afetada pela mineração, os moradores dependem de caminhões-pipa para o abastecimento. Nesse caso, por receberem apenas 16 mil litros de água para o uso doméstico a cada 8 meses, ou seja, 2 mil litros por família por mês, as famílias precisam racionar cada litro de água disponível. 

A situação gera revolta aos moradores, tendo em vista que a mineradora Sigma Lithium recebeu autorização da Agência Nacional de Águas (ANA) para bombear 108 milhões de litros por mês do rio Jequitinhonha.

“O que a Sigma consome em um mês daria para abastecer aproximadamente 54 mil famílias. É um impacto absurdo”, explica o observatório. 

Organizações comunitárias também se articulam para denunciar e resistir ao avanço da mineração e da monocultura de eucalipto nos territórios, por meio de campanhas, protestos e ações judiciais contra projetos que ameaçam a natureza e os modos de vida tradicionais. Dessa forma, a resistência não se restringe à adaptação climática, mas envolve também a defesa de direitos. 

Racismo ambiental e injustiça climática

O conceito de racismo ambiental começa a ser utilizado em 1980 e se aplica quando populações racializadas, como comunidades negras e indígenas, são afetadas pela degradação ambiental e pela crise climática, enquanto grupos privilegiados mantêm um maior o aos recursos naturais e às políticas de mitigação de crises climáticas. 

Segundo o Observatório de Clima e Cultura do Vale do Jequitinhonha, essa realidade se manifesta de forma evidente na região. 

“Enquanto a mineração e a monocultura avançam sem consulta prévia, desestruturando modos de vida ancestrais, as comunidades tradicionais enfrentam uma luta constante pela água, pela terra e pela própria sobrevivência. O racismo ambiental aqui não é apenas um efeito colateral da exploração econômica, mas é um mecanismo estrutural que mantém essas populações em condições de vulnerabilidade histórica”, analisa. 

Segundo dados do Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, cerca de 83,5% das pessoas brancas têm o a saneamento básico e abastecimento de água adequado em casa, enquanto apenas 29,9% da população indígena tem o a esse direito fundamental. 

Outro conceito que se relaciona com o racismo ambiental e que também se observa na região é a chamada injustiça climática, que se dá a partir do momento em que populações que poluem menos são afetadas pelos efeitos das que poluem mais.

“Enquanto grandes potências industriais e o agronegócio são os principais responsáveis pelas emissões de gases que provocam o efeito estufa, comunidades negras, indígenas e rurais — que pouco contribuíram para essa crise — estão entre as mais afetadas”, continua a entidade. 

Ecossistemas

O Vale do Jequitinhonha possui três biomas diferentes, o Cerrado, a Mata Atlântica e a Caatinga, sendo lar de diversas espécies da fauna e da flora mineira. Portanto, espécies não humanas também dependem da distribuição justa da água na região para sua sobrevivência. 

“A degradação dos mananciais impacta diretamente espécies não humanas e compromete a biodiversidade do Vale do Jequitinhonha, agravando o colapso ambiental e ameaçando a resiliência ecológica da região. A destruição de nascentes e aquíferos não afeta apenas o presente, mas compromete o futuro”, declara o observatório.

Com a expansão da mineração do lítio e o aumento das áreas da monocultura do eucalipto, o Vale do Jequitinhonha se tornou um símbolo do agravamento das mudanças climáticas no Brasil, sendo o lugar que mais esquentou nos últimos anos. A cidade de Araçuaí, em 2023, registrou recorde nacional de calor, com 44,8°C. Das 20 cidades que mais esquentaram no Brasil em 2023, cerca de 18 eram do Vale. 

Medidas 

Em setembro de 2024, o governador Romeu Zema (Novo) promulgou o decreto 48.893, que interfere na exigência da Consulta Prévia, Livre e Informada (LI) aos povos indígenas e comunidades afetadas por empreendimentos que causam impactos ambientais em seus territórios. A LI é prevista pela Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).  

O decreto de Zema define Povos Indígenas apenas aqueles reconhecidos pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). Com isso, a consulta de licenciamentos ambientais ficaria restrita apenas a esses grupos.

Em janeiro deste ano, Zema revogou o decreto estadual após a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) ingressar no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma ação que denunciava a inconstitucionalidade da proposta. 

Segundo especialistas, para que haja uma justiça hídrica na região do Vale do Jequitinhonha é necessário que a água seja reconhecida como um sujeito de direitos e parte essencial do equilíbrio ecossistêmico, e não como uma mercadoria submetida a interesses privados. 

“O Estado deve garantir o o equitativo à água, priorizando comunidades indígenas, quilombolas e rurais por meio de investimentos em infraestrutura sustentável. Medidas como a construção de cisternas, a proteção de nascentes e a recuperação de áreas degradadas são fundamentais para fortalecer a segurança hídrica da região”, finaliza o observatório. 

O outro lado

O Brasil de Fato MG pediu o posicionamento do governo de Minas Gerais sobre o cenário enfrentado pelas comunidades. Caso haja um posicionamento, a reportagem será atualizada.

Editado por: Ana Carolina Vasconcelos
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