Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • Nacional
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • |
  • Cultura
  • Opinião
  • Esportes
  • Cidades
  • Política
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Brasil de Fato
Início Cidades

Impactos

Proposta de Parceria Público-Privada para resíduos em Porto Alegre (RS) requer debate, defende especialista

Pesquisadores, integrantes da sociedade civil e movimentos ambientais pedem mais debate e participação popular

27.mar.2025 às 08h42
Porto Alegre (RS)
Fabiana Reinholz
Proposta de Parceria Público-Privada para resíduos em Porto Alegre (RS) requer debate, defende especialista

"Hoje Porto Alegre possui 16 unidades de triagem operando em várias regiões da cidade, com mais de 450 trabalhadores" - Foto: Guilherme Santos/Sul21

Em março deste ano, a Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do Mercosul (Cefor) da Câmara Municipal de Porto Alegre realizou uma reunião para tratar da Parceria Público-Privada (PPP) dos resíduos sólidos urbanos da capital. Anunciada como uma medida que pode trazer avanços ao serviço prestado à população, para pesquisadores, integrantes da sociedade civil e movimentos ambientais, a medida carece de um maior debate e participação popular.

De acordo com a Prefeitura de Porto Alegre, a PPP para o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos na capital visa a trazer avanços significativos na qualidade dos serviços prestados. “Com uma série de melhorias planejadas, a concessão é um o importante para adequar e modernizar o sistema do município. Entre os principais benefícios, destacam-se: ampliação de, no mínimo, 30% na área de operação da coleta automatizada; aumento da frequência da coleta seletiva para, no mínimo, 3 coletas semanais”, expõe o executivo.

De acordo com o executivo municipal, atualmente, os serviços de resíduos sólidos urbanos são prestados por mais de 40 operadores privados, por meio de cerca de 70 contratos istrativos com objetivos e prazos variados. Essa divisão dificulta a coordenação entre os operadores, reduzindo a eficiência e limitando a busca por soluções integradas.

O prazo de concessão é de 35 anos. Conforme defende a prefeitura esse prazo é essencial para permitir que a empresa responsável recupere os significativos investimentos iniciais exigidos no contrato, como a construção de novas unidades de triagem, transbordo e valorização e a modernização das existentes. “Prazos mais curtos inviabilizariam essa recuperação, tornando o projeto financeiramente insustentável, não atrativo e comprometendo sua execução”.

O executivo afirma que as associações e cooperativas de catadores, conforme previsto expressamente na minuta do contrato, continuarão responsáveis pela triagem de todos os resíduos da coleta seletiva, atuando de forma integrada à cadeia, como previsto na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e no Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de Porto Alegre (PMGIRS).

Proponente da reunião, o vereador Giovani Culau e Coletivo (PCdoB), pontuam que o tema tem alto impacto socioambiental e nas finanças públicas do município. “Porto Alegre, que já foi pioneira da coleta seletiva, hoje recicla muito pouco e tem uma péssima gestão dos seus resíduos. Nesse contexto é preocupante que uma proposta de parceria público-privada da gestão de resíduos esteja avançando na cidade sem o debate amplo e profundo que precisa existir”, afirmou Culau ao Brasil de Fato RS.

“A Câmara precisa incidir, precisa se inserir nesse debate”, defende vereador – Foto: Johan de Carvalho/CMPA | Reunião de Comissão – Parceria Público-Privada dos Resíduos (PPP dos Resíduos).

Para o parlamentar, esse debate deveria ouvir em especial os catadores e catadoras, que hoje são os principais responsáveis pela coleta de resíduos sólidos da capital. “Há ainda o risco de que essa proposta de parceria público-privada, que pode investir algo em torno de R$ 10 bilhões na iniciativa privada, sem que haja contrapartida com crescimento significativo nas taxas de reciclagem, sem retornos nítidos para a cidade, possa acontecer sem ar por projeto de lei da Câmara. A Câmara precisa incidir, precisa se inserir nesse debate”. Na avaliação do vereador se cria um monopólio para uma cadeira complexa e as consequências disso são imensuráveis.

Proposta pode vulnerabilizar trabalhadores da reciclagem

Em conversa com o Brasil de Fato RS, a sócia fundadora da Apoena Socioambiental e Awty Guardião dos Rios, Joice Pinho Maciel, também reforça a necessidade de diálogo sobre o tema. “É necessário ampliar o debate dessa proposta junto à população, universidades e outras partes interessadas para que esta solução não seja única e fechada. Mas que seja ampla e atenda às necessidades e melhorias da gestão dos resíduos da cidade e das pessoas”.

Doutora em engenheira civil, especialista em economia circular, e o grupo de trabalho Frente de Resíduos Porto Alegre, Maciel pontua que, do modo como está apresentada a proposta ela poderá deixar os trabalhadores de cooperativas em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

“Uma grande polêmica da PPP é o tempo proposto de 35 anos, que atende apenas aos riscos de investimentos pela empresa vencedora” – Foto: Luiza Castro/Sul21 | Foto: Luiza Castro/Sul21

Maciel também é pesquisadora do Institute of Socioeconomic Studies (INESC Brasil )e Núcleo de Caracterização de Materiais (NUCMAT) Unisinos, professora dos cursos de MBA ESG da Unisinos , e representante da Aliança Resíduo Zero Brasil (ARZB).

Abaixo a entrevista completa:

Brasil de Fato RS: Como tu descreverias a situação do manejo dos resíduos sólidos urbanos em Porto Alegre?

Joice Pinho Maciel: O manejo de resíduos sólidos urbanos contempla a coleta, transporte, transbordo, tratamento, destinação e a disposição final ambientalmente adequada. O atual responsável por essa gestão é o Departamento de Limpeza Urbana, o DMLU, que gerencia contratos, sendo eles: 1) da coleta domiciliar (de resíduos orgânicos e rejeito), que representa hoje mais de 95% dos resíduos enviados ao aterro sanitário; 2) da coleta seletiva, que representa em torno de 4%; e 3) dos demais resíduos referentes a varrição e capina nas vias públicas, recolhimento do resíduo público, resultado de descartes inadequados ou conhecidos, como focos de lixo.

Conforme estudos gravimétricos (técnica de análise que consiste na pesagem e classificação dos resíduos gerados em determinado local ao longo de um período), já realizados pela prefeitura, os resíduos orgânicos (sobras de alimentos, cascas de frutas e verduras, e erva mate etc.) representam mais de 61% dos resíduos gerados nos domicílios; os resíduos recicláveis representam 23%, e os rejeitos representam 15% (resíduos que não podem ser reaproveitados ou reciclados, exemplos de resíduos de banheiros como fraldas e absorventes).

“Grande parte dos resíduos recicláveis que chegam nas UTs são rejeitos” – Foto: Fabiana Reinholz

Porto Alegre encaminha seus resíduos orgânicos e rejeitos ao aterro sanitário de Minas do Leão, gastando mais de R$ 7 milhões por mês para o serviço de coleta, transporte e disposição final no aterro. Gerando gastos e impactos ambientais, como geração de chorume (um líquido poluente que pode contaminar o solo e as águas subterrâneas), a liberação de metano (um gás do efeito estufa que contribui para o aquecimento global). Além da degradação do solo, uso do espaço em aterro, e erosão que contribuem para aumentar as mudanças climáticas vivenciadas nos últimos anos.

Qual a avaliação que tu faz da proposta de Parceria Público-Privada (PPP) elaborada pela Prefeitura de Porto Alegre e de como ela afeta a questão ambiental da cidade?

A proposta da PPP, conforme a prefeitura, vem para suprir investimentos no setor e contemplará a gestão dos resíduos orgânicos e rejeitos (resíduos domiciliares), da coleta seletiva e de outros resíduos sólidos urbanos e extradomiciliares (caliça, madeira, etc.).

Uma grande polêmica da PPP é o tempo proposto de 35 anos, que atende apenas aos riscos de investimentos pela empresa vencedora, pois, do ponto de vista da qualidade ambiental da cidade, a proposta possui muitos pontos a serem questionados.

Um deles é sobre a estratégia de separação mecanizada dos resíduos em grandes usinas (UTVR), o que desmobiliza a educação ambiental da separação dos resíduos em sua origem, além da contaminação dos resíduos com a mistura de resíduos recicláveis e resíduos orgânicos, dificultando e tornando mais complexo os processos de tratamento desses resíduos.

A proposta também informa metas pouco ousadas de aumento da reciclabilidade dos resíduos recicláveis, bem como da ampliação e implementação de usinas de compostagem, considerando que esses resíduos são atualmente mais de 60% dos resíduos gerados nos domicílios.

Outro ponto que chama atenção na proposta é que ela não deixa clara a forma de participação das atuais Unidades de Triagem de Resíduos Recicláveis (Uts) que realizam o trabalho de recebimento e triagem, há mais de 20 anos. Hoje Porto Alegre possui 16 unidades de triagem operando em várias regiões da cidade, com mais de 450 trabalhadores.

A ausência de uma proposta que permita que as cooperativas não somente realizem a triagem dos resíduos, mas também que permita a autonomia da comercialização dos resíduos, considerado como bem econômico e social pela PNRS, pode deixar esses trabalhadores em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

“A proposta também informa metas pouco ousadas de aumento da reciclabilidade dos resíduos recicláveis” – Foto: Divulgação

A proposta também não amplia a responsabilidade compartilhada dos resíduos (instrumento da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a PNRS, que responsabiliza as empresas fabricantes, importadores, distribuidores e consumidores pela geração e encaminhamento adequados dos resíduos), uma vez que mais de 30% dos resíduos recicláveis gerados na cidade possuem um grande fabricante como responsável pela sua produção.

Esses grandes fabricantes deveriam estar investindo em programas locais de logística reversa para o retorno desses resíduos à cadeia produtiva da reciclagem, conforme a PNRS.

Importante salientar que uma grande parte dos resíduos recicláveis que chegam nas UTs são rejeitos (resíduos que não possuem reciclabilidade e comercialização, não podendo ser reaproveitados ou reciclados). Hoje os rejeitos nas UTs correspondem a quase 30% do total de resíduos triados.

Por fim, é necessário ampliar o debate dessa proposta junto à população, universidades e outras partes interessadas para que esta solução não seja única e fechada. Mas que seja ampla e atenda às necessidades e melhorias da gestão dos resíduos da cidade e das pessoas, considerando o bem-estar de todos e a sustentabilidade ambiental de Porto Alegre, especialmente em tempos da crise climática que estamos enfrentando, irrefutavelmente.

Qual a importância dos catadores e cooperativas no que tange a questão dos resíduos?

As cooperativas de catadores/as realizam historicamente esse trabalho de coleta, triagem e comercialização de resíduos nas cidades. E ao longo desses anos, receberam cadastro brasileiro de ocupação (CBO), se organizaram, criaram associações e cooperativas com os seus respectivos CNPJ, e hoje são os responsáveis por grande parte dos resíduos efetivamente encaminhados à cadeia produtiva da reciclagem no Brasil.

Imaginem se ficássemos sem esse serviço essencial da coleta seletiva nas cidades por 1 semana ou 1 mês? Montanhas e montanhas de resíduos espalhados nas cidades. Quanto de resíduos recicláveis estariam indo parar nos rios e aumentando o volume desses resíduos encaminhados aos aterros sanitários? Nós amos por isso recente durante a enchente.

O impacto ambiental foi enorme e a perda econômica e social também, além do problema de saúde pública. Estamos falando de resíduos sólidos reutilizáveis e recicláveis, reconhecidos como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania conforme o Art. 6º/VII da PNRS.

Entre os objetivos da PNRS, está o compromisso de integrar as cooperativas de catadores/as de materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. Incluir pressupõe a participação na forma de fazer o gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos. É como estivéssemos planejando construir uma casa nova e excluíssemos os donos da casa para pensar as soluções mais viáveis para esse projeto.

As cooperativas também são excelentes espaços de cidadania e de educação ambiental. Várias cooperativas que assessoramos em Porto Alegre e no Vale dos Sinos recebem visitas, pesquisadores e promovem localmente várias atividades e programas de educação ambiental à população e merecem o reconhecimento pelo serviço ambiental urbano prestado.

Editado por: Vivian Virissimo
loader
BdF Newsletter
Escolha as listas que deseja *
BdF Editorial: Resumo semanal de notícias com viés editorial.
Ponto: Análises do Instituto Front, toda sexta.
WHIB: Notícias do Brasil em inglês, com visão popular.
Li e concordo com os termos de uso e política de privacidade.

Notícias relacionadas

Artigo

Artigo | Pela circulação da vida, deixem as catadoras e catadores trabalharem!

Crise Climática

Pós-enchente no RS mostra que Brasil dá os lentos no cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos, diz especialista 

Sujeira nas ruas

Artigo | Porto Alegre: descaso na coleta de lixo ameaça a saúde pública

Veja mais

MESADA

Bolsonaro diz que deu R$ 2 milhões para custear filho que está nos EUA

ARTIGO 19

Mendonça: redes não podem ser responsabilizadas por postagens ilegais

Protesto

MST realiza atos em Marabá (PA) contra instalação da hidrovia Araguaia-Tocantins

Bolsonarismo

Falta de unidade pode enfraquecer extrema direita nas eleições de 2026, avalia professor

AMAZÔNIA

‘Aproveitam brechas da lei para roubar terras públicas’, diz secretário do Observatório do Clima sobre grileiros

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Newsletters
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Rádio Brasil De Fato
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
    • Mobilizações
  • Bem viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevista
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Meio Ambiente
  • Privatização
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Sahel
    • EUA
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.