Durante a plenária da Conferência Internacional do Trabalho, realizada em Genebra, na Suíça, o diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Gilbert Houngbo, apresentou nesta quarta-feira (4) dois relatórios considerados centrais para o debate internacional sobre emprego e direitos trabalhistas. A jornalista Mônica Cabanas, que acompanha in loco o evento para a Rádio Brasil de Fato, destaca que os documentos foram comentados por representantes de 23 países e geraram forte repercussão.
Um dos relatórios apresentado pela OIT aborda a situação dos trabalhadores nos territórios árabes ocupados, especialmente na Faixa de Gaza. “Os números são alarmantes e refletem uma realidade devastadora na região”, indicou Cabanas. Segundo o documento, a guerra provocou um colapso inédito no mercado de trabalho palestino, com desemprego de 69% em Gaza, redução de 80% na força de trabalho e uma contração de 83% na produção.
A destruição das fábricas, da agricultura e da infraestrutura fez com que mais de 80% das instalações comerciais fossem devastadas, gerando um prejuízo estimado em US$ 1,3 bilhão apenas no setor agrícola. “O relatório fala que é importante que haja uma solução política, com a criação do Estado Palestino. E que somente essa solução da convivência de dois Estados é o caminho para a paz”, relatou a jornalista.
A OIT destacou ainda que, neste momento, nenhuma ação prática pode ser implementada para melhorar a situação sem um cessar-fogo imediato. “É necessário que a guerra pare, que o genocídio pare para que tenha uma solução e que a OIT possa atuar”, disse Cabanas. Caso isso ocorra, o organismo internacional pretende investir na reconstrução da região com foco na geração de empregos e priorização de trabalhadores palestinos.
Os países presentes na plenária foram unânimes ao afirmar que só será possível avançar na reconstrução econômica e social da Palestina após o fim dos ataques israelenses e a devolução dos reféns às suas famílias. Também pediram que a OIT continue monitorando a situação, para que possa contribuir de forma efetiva quando houver condições de paz.
Transição verde e combate às desigualdades
O outro informe, intitulado Empregos Diretos e Crescimento, trata do cenário global do mercado de trabalho e aponta “uma desilusão dos trabalhadores, uma erosão na confiança nas instituições e uma necessidade urgente de reconstrução social e econômica”, segundo relatou Cabanas.
O documento também evidencia os impactos das recentes crises econômicas, sociais e políticas sobre o trabalho, além de frisar o enfraquecimento do vínculo entre emprego e crescimento, as transformações tecnológicas e demográficas, e a urgência de um novo pacto social.
“O relatório aborda que é importante a promoção de um trabalho digno, o fortalecimento do diálogo social, a regulamentação do impacto tecnológico e a transição para uma economia verde”, afirmou a jornalista. Entre as prioridades também estão a redução das desigualdades de gênero, a reforma da proteção social e a revisão de políticas comerciais.
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